segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Merthiolate

É assim ó! Um belo dia a gente acorda e as histórias de princesas começam a fazer sentido. Não porque você se apaixonou, simplesmente porque sua consciência começa a encaixar as palavras e a trama vira um filme que marca a sua infância. Comigo foi assim. Que lindo esse mundo que nos proporciona amores perfeitos, príncipes em seus cavalos brancos e um final feliz, que como se a felicidade não fosse o suficiente, dura para sempre. Acreditar nos contos de fadas traz uma sensação gostosa de que virar gente grande não é tão ruim assim.

Mas aí um belo dia você cresce e começa a reparar naquele menino lindo que te empresta a canetinha verde quando a sua tá falhando. De repente, sem nem perceber, você começa a se arrumar mais pra ir pra escola, fica com vergonha quando ele olha pra você, repara no jeito que ele conversa com suas amigas, e quando se dá conta enxerga no rapazinho aquele príncipe das histórias. Tudo lindo até aí. Só que não demora muito até você perceber que o final feliz não vai ser tão feliz assim.

Os anos passam, os príncipes mudam de nome e a cada encontro com essas criaturas místicas elas se parecem cada vez mais com aquele sapo que mora no bloco ao lado. O que fazer então? Seria melhor esquecer a sensação gostosa do amor infantil e aceitar os duros relacionamentos adultos? Seria melhor se contentar com o anfíbio e não desejar ter tudo que a realeza pode lhe oferecer? Uma vida sem borboletas no estomago não me parece tão gostosa assim.

Quero a beleza da infância. Quero que a montanha-russa deixe frio na barriga, quero toda a dor de um coração partido. Vou subir na árvore e lá de cima vou ver uma linda paisagem, quando estiver descendo vou cair e a cicatriz deixada na minha pele vai me lembrar pra sempre da sensação de aventura da subida, da maravilha de ver o mundo de cima, do medo de descer, do ardido do merthiolate e de assoprar sentindo o alívio do ar geladinho.

 
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